domingo, 1 de julho de 2012

As Irmãs von Evans - Parte 3

Nos "capítulos" anteriores, acompanhamos o crescimento da família von Evans à partir do envolvimento amoroso da bruxa Margareth com Jude, líder de sua tribo nômade. Após anos em exílio opcional, Margareth faleceu deixando suas sete filhas órfãs para cuidarem de si mesmas - e Jane von Evans como chefe desta família. Jane decidiu então que partiriam em busca de sua antiga tribo, a única alternativa que lhe restara, e ela e suas irmãs mais novas começaram sua longa caminhada. Sua primeira grande parada se deu já no estado do Novo México, onde a promessa de encontrar ouro encheu os olhos de Jane...



A ordem era clara a todas as irmãs: deveriam permanecer unidas e no mais profundo segredo. A prática de magia de qualquer tipo estava completamente vetada enquanto permanecessem no vilarejo. Não deveriam criar relacionamentos ou laços, não deveriam falar com ninguém sobre suas vidas ou seus passados e não deveriam agir de qualquer forma que levantasse um mínimo de suspeita. Jane von Evans, a primogênita das sete irmãs bruxas, havia sido bastante persuasiva no que se referia às suas ordens - ou ao castigo pra quem as transgredisse.
Enquanto Jane, Zethi e Cecily trabalhavam em busca de ouro, Elleanor ficaria responsável pelas irmãs mais novas. "Seja meus olhos e ouvidos", Jane dizia a ela. A extrema sensação de confiança e responsabilidade depositada sobre Elleanor criou uma espécie de temor agravado sobre sua figura no que se referia às caçulas - Irma, embora levada, fazia tudo com extrema cautela temendo ser pega; Nayse travava a respiração e ameaçava chorar toda vez que Elleanor a olhava torto demais; e Dorothi... bom, Dorothi ainda era muito nova. Praticamente um bebê. Seu temor era das maldades praticadas por Elleanor quando as atitudes incontroláveis da criança a irritavam demais. Não era incomum que Elleanor ensaiasse feitiços de prender lábios para evitar que Dorothi chorasse alto, ou que a castigasse por mexer em algo que não lhe pertencia atando-lhe as mãos às costas. Elleanor não era exemplo de paciência, mas dava seu melhor da maneira que podia. Por semanas manteve as von Evans mais novas fora do radar feroz dos humanos desconfiados.
Mas tentar trabalhar de maneira honesta dificilmente trouxe algum tipo de benefício às von Evans. Seus dedos calejavam da procura, mas não havia ouro até onde Jane, Zethi e Cecily podiam ver. Os dias passavam e as meninas sofriam de fome. Jane sabia que não deveria - se fosse pega, seria o fim. E sua mãe, sua pobre mãe, ela jamais aprovaria. Mas que saberia ela, que não estava ali para ajudá-las? Jane enfim tomou sua decisão.
Na calada da noite, saiu sem ser notada. O vilarejo estava silencioso, deserto. Ela sabia, é claro, quais e de quem eram as casas mais afortunadas, e começaria por ali. Dirigiu-se à porta dos fundos da casa conhecida de um comerciante arrogante, cujas filhas desdenhosas olhavam para Jane como se ela fosse escória. Seu sangue subiu. Ela talvez aproveitasse pra levar também alguns vestidos...
Tudo ia bem. Foi fácil destrancar a porta usando magia. A cozinha estava escura, mas ela conjurou uma pequena chama numa vela, o bastante para enxergar onde estavam as provisões. Infelizmente, o bastante também para que fosse vista.
Uma única pancada na cabeça derrubou a bruxa. Quando suas irmãs acordaram pela manhã, Jane não estava em casa - nem em nenhum lugar onde conseguissem encontrá-la.

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